Para fazer as atividades da disciplina, você vai precisar de um conjunto básico de instrumentos de desenho arquitetônico e modelagem à mão.
Desenho à mão
Materiais indicados
- Uma superfície lisa e macia para desenhar: prancheta portátil ou de pé, mesa de jantar ou tábua em MDF com bordas retas (para poder apoiar a régua “T” nas bordas); a mesa ou prancheta deve ser encapada com plástico ou com uma folha grande de papel grosso (Bristol ou Supremo) para oferecer uma superfície suave debaixo do papel de desenho.
- Régua paralela ou “T”, par de esquadros (45° × 45° e 30° × 60°), compasso, gabarito de círculos (“boloteiro”) e escalímetro de 30 cm.
- Lápis de grafite: um de cada HB, H e 2H para croquis e arte-final dos desenhos; um lápis 4H ou 6H, conforme o seu gosto, também é indicado para fazer o traçado regulador de desenhos técnicos; borracha e apontador de qualidade.
- Dica: um lápis de verdade, bem apontado o tempo todo, sempre vai dar um traço mais preciso, forte, versátil e de melhor qualidade, do que uma lapiseira! A qualidade do traço é especialmente importante para dar um bom resultado na digitalização.
Lápis | Lapiseira equivalente | Uso |
---|---|---|
HB | 0.9 | Perfis cortados |
H | 0.5 ou 0.7 | Perfis em vista com profundidade |
2H | 0.5 | Detalhes superficiais e anotações |
4H | 0.3 | Traçado regulador |
Papel da entrega
Para as entregas finais de cada trabalho, você vai precisar de folhas de papel branco (não creme!), opaco e fosco, tamanho A3 (297 × 420 mm). O papel adequado para desenho técnico arte-finalizado a lápis deve ter um grão (textura) suave e “peso” entre 150 e 250 g/m²; esse número costuma estar indicado na capa do bloco de papel ou na etiqueta da prateleira na papelaria.
Dependendo da marca, esses papéis são vendidos com os nomes Bristol, C à grain (também conhecido como “papel Canson”), papel sketch ou dessin; toque algumas folhas diferentes antes de comprar para ver qual lhe agrada mais.
Papéis mais “pesados” do que o Bristol, como o papel de aquarela (300 g/m² e mais), em geral não compensam o preço para as necessidades da nossa disciplina.
Não use papel de cor creme (ou em outras cores), com acabamento lustroso ou muito liso (papel layout, Supremo, cartolina, etc.) — é muito difícil apagar ou mesmo manusear esses papéis sem deixar marcas, e é quase impossível evitar reflexos na hora de fotografar ou digitalizar o desenho.
Papel de rascunho
Use o que for mais confortável e acessível para você! Não tenha vergonha de fazer croquis em papel quadriculado se parecer mais fácil.
Um rolo ou bloco de papel manteiga (de papelaria, não de cozinha) é bom para experimentar variações em cima de outras variações. Senão, use uma janela como “mesa de luz”.
Acostume-se, também, a levar sempre consigo um caderno ou bloco de papel de boa qualidade para rabiscar ideias a qualquer momento.
Convenções históricas
O desenho de arquitetura é atestado desde a Antiguidade como instrumento para planejar e construir. A partir do Renascimento na Europa, o desenho aparece também como um modo de explorar ideias e desenvolver o pensamento espacial. Enquanto isso, diferentes culturas desenvolvem certas convenções para padronizar a representação de edificações e uniformizar a sua leitura: essas convenções passam, universalmente, pelo uso de plantas e cortes (e eventualmente vistas em elevação) com projeções ortográficas (isto é, sem perspectiva).
As convenções de desenho arquitetônico usadas atualmente no Brasil e
em grande parte do mundoChing, Representação gráfica em
arquitetura.
vêm de um processo de consolidação dessa técnica
que se iniciou na Europa do século XVII.
Muito do que vocês aprende na disciplina de Desenho Arquitetônico ainda
segue princípios consolidados cerca de 350 anos atrás.
Na nossa disciplina de História da Arquitetura, vamos partir dessas
convenções e nos aproximarmos um pouco mais do modo de representação
vigente entre 1700 e 1900. Essas convenções se consolidaram sobretudo no
âmbito das escolas de belas-artes baseadas no modelo francês.Harbeson, The Study of Architectural Design;
Gabriel, Classical Architecture for the Twenty-First
Century.
Fazemos isso porque essas convenções históricas
apresentam com mais clareza e riqueza de detalhes as construções
tradicionais, que são o nosso objeto de estudo. Alguns manuais de
documentação de edifícios históricos fazem essa mesma aproximação.McKee, Recording Historic Buildings.
Para estudar essas convenções com mais detalhe, podemos nos reportar
a manuais de desenho do século XIX e
início do XX.Burn, The Illustrated Architectural, Engineering,
& Mechanical Drawing-Book; Clute, Drafting Room
Practice; Spiers, Architectural Drawing.
Se quisermos recuar mais um pouco, até os séculos
XVII e XVIII, temos ainda alguns manuais fundadores
dessas convenções,Gautier e Giffart, L’art de dessiner proprement les
plans.
inclusive alguns tratados originalmente escritos
em português.Pimentel, Methodo lusitanico; Fortes, O
engenheiro portuguez.
Desenho de edificações
Como os edifícios tradicionais são frequentemente simétricos e regrados, algumas das suas partes podem ser extrapoladas a partir de vistas parciais. Você pode explorar essa oportunidade para compor suas pranchas com mais liberdade. Uma prancha que mostra separadamente as partes de um edifício simples, em escalas diferentes, de modo que essas partes permitam recompor uma imagem mental do conjunto, é chamada de estudo analítico (fig. 1).


Figura 1: Estudos analíticos. a – Pátio dos Leões na Alhambra, Granada, século XIV, por Rebecca LeMaster, 2011, b – Taberna dórica, por Jennifer Garcia, 2010
Na representação de edifícios e seus interiores, siga os exemplos das figuras a seguir e os parâmetros indicados na tabela abaixo. As cores são sempre pouco saturadas; se usar aquarela, prefira pigmentos transparentes.
Elemento | Cor |
---|---|
Superfícies em corte, sem distinção de material | Preto |
Alvenaria em corte ou planta | Rosa |
Alvenaria, lajes de pedra, pisos em vista | Cor do material (tijolo ou pedra) |
Reboco, argamassa de revestimento | Cinza muito claro |
Madeira | Bege |
Elementos metálicos | Tons de azul conforme o material |
Vidro | Cinza neutro escuro |
- O conceito de “corte” se refere a qualquer superfície cortada, seja numa projeção de corte vertical ou em planta.


Desenho de conjuntos urbanos ou paisagísticos


Na representação de espaços urbanos ou conjuntos paisagísticos, o contraste é a característica essencial das representações. Os cheios (massas construídas) devem sempre ser muito mais escuros do que os vazios, e nesses vazios deve haver uma distinção clara entre o espaço público e áreas livres privadas. O caso extremo é a planta de Nolli, onde todas as áreas públicas, tanto na rua quanto no interior de edifícios públicos (mesmo espaços cobertos), estão em branco, e todas as projeções de edifícios estão hachuradas em preto (fig. 5).
Contrastes podem ser usados para destacar informações ou lugares importantes numa planta urbana (fig. 6). Outras cores que não as indicadas abaixo podem ser usadas em mapas interpretativos.
Elemento | Cor |
---|---|
Edificações privadas existentes | Rosa |
Edificações cívicas existentes | Bordô |
Edificações propostas | Amarelo escuro ou cinza-azulado escuro |
Edificações arruinadas ou a demolir | Cinza claro |
Espaço público (pavimentado ou não) | Tons de amarelo claro conforme necessário |
Gramado, lavouras | Verde claro |
Vegetação | Tons de verde conforme necessário |
Água | Cinza claro azulado, mais escuro na margem |
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Traçado regulador
As proporções são um instrumento de projeto na arquitetura tradicional, e o traçado regulador permite reconstituir as relações proporcionais usadas para dar forma a um edifício. Sempre que essas proporções forem conhecidas ou puderem ser reconstituídas, represente-as na forma de um traçado regulador com linhas leves e finas.

Figura 10: Reconstituições contemporâneas de traçados reguladores em edifícios eruditos. a – Basílica de Sant’Andrea, Mântua, por Leo Battista Alberti, b – Catedral de Florença, por Arnolfo di Cambio, séculos XIII–XIV, reconstituída por M.A. Cohen, 2014
Sombras

Em arquitetura, seguimos a convenção de que uma vista sempre será
iluminada desde o canto superior esquerdo, num ângulo de 45 graus. Isso
faz com que o comprimento da sombra seja exatamente igual à profundidade
do elemento que a projeta. O traçado exato das sombras é uma ciência
geométrica muito complexa, mas ele pode ser estudado nos manuais de
desenho, tanto modernosChing e Juroszek, Desenho para arquitetos;
Ching, Representação gráfica em arquitetura.
quanto clássicos.Amati, Regole del chiaroscuro in architettura;
McGoodwin, Architectural Shades and Shadows.

- Se o desenho arquitetônico estiver delineado com capricho e usando os pesos de linha corretos, não será preciso representar as sombras. Em desenhos em pequena escala, as sombras podem ser indicadas com uma levíssima impressão de um lápis muito macio.

Desenho no computador
Os programas de desenho técnico e modelagem tridimensional foram desenvolvidos no contexto do predomínio da arquitetura modernista: eles favorecem a representação de linhas retas, superfícies planas ou uniformemente curvas, prismas e cilindros de espessura uniforme, e a montagem de objetos industriais padronizados na forma de blocos e famílias. As formas geométricas do desenho técnico ou da modelagem arquitetônica, nesses programas, são independentes de escala, e a própria interface dos programas não favorece a percepção das dimensões reais dos elementos.
A arquitetura tradicional, ao contrário, pressupõe o trabalho artesanal e manual, tanto no desenho quanto na execução. Os elementos da construção tradicional são necessariamente vinculados a uma escala específica que tem a ver com as dimensões do corpo humano. Desenhar ou construir uma maquete à mão nos obriga a trabalhar desde o início com o senso de escala, e só vamos desenhar ou montar elementos até o nível de detalhe condizente com a escala que escolhemos para o nosso trabalho.
O que você pode fazer no computador?
Absolutamente nenhum desenho ou maquete de TAU 0005 deve ser feito ou entregue no computador.
- Não é permitido fazer nenhuma parte do desenvolvimento ou arte-final dos trabalhos de TAU 0005 no computador.
-
Esta regra é para o seu próprio bem. Em 15 anos de TAU 0005 no formato presencial, os trabalhos feitos no computador sempre foram os piores das suas turmas.
O que / por que não fazer no computador?
— Mas professor, eu tenho mais facilidade em projetar no computador do que na mão!
— Não tem não. Nenhum ser humano tem mais facilidade em manejar uma interface digital do que em transferir uma ideia da cabeça para o papel por meio de um lápis ou de um material de maquete. Quem diz isso está se enganando enquanto acha que engana o professor.
Os programas de CAD ou BIM apenas dão a ilusão de um trabalho mais bem-acabado que pode ajudar na sua autoconfiança ao projetar. No entanto, a satisfação superficial de olhar para linhas aparentemente precisas numa prancha bem impressa não tem nada a ver com desenvolver a competência de projetar ou interpretar melhor uma edificação ou conjunto urbano. Esta competência só pode ser adquirida pela manipulação direta e repetitiva de desenhos e maquetes com as suas próprias mãos, sem outros intermediários entre o seu cérebro e o produto físico.
Os programas de desenho técnico são ferramentas úteis para fazer desenhos compostos, predominantemente, por linhas retas e ortogonais, ou para traçar e editar imagens digitais existentes. Eles não são convenientes para representar elementos rebuscados, formas escultóricas ou naturalistas, curvas e contracurvas sutis, estruturas com espessuras e perfis variáveis, ou ângulos irregulares — todas características da arquitetura clássica e das cidades tradicionais, que correspondem ao objeto de estudo desta disciplina. Pelo contrário, o desenho à mão permite visualizar, manejar e adaptar a precisão dos perfis segundo a escala adotada.
- Proporções precisas e a distinção entre perfis retilíneos e curvos são características fundamentais da arquitetura tradicional. Não é admissível em nenhum dos nossos trabalhos desenhar linhas retas no lugar de perfis curvos por preguiça ou dificuldade de representar esses perfis.
Na vida real, a arquitetura tradicionalista da atualidade também teve que se adaptar ao uso de ferramentas digitais por questões comerciais e de compatibilidade com a indústria da construção. A representação de elementos construtivos tradicionais pode ser feita no computador, mas demanda grande atenção à escala e senso de equilíbrio visual. A capacidade de representar construções tradicionais com ferramentas digitais desenvolve habilidades que se refletem também na melhoria da apresentação gráfica e da coerência construtiva em projetos modernistas.
No entanto, a competência para representar corretamente a arquitetura tradicional no CAD ou BIM decorre diretamente da capacidade de apreender, no papel, as características formais e construtivas dessa arquitetura tradicional. Uma vez que o propósito do ensino de arquitetura é a formação de competências e não a replicação pura e simples do ambiente profissional, todos os trabalhos de TAU 0005 devem ser desenvolvidos e entregues inteiramente à mão.
Maquetes físicas
Em algumas atividades, você deverá apresentar uma maquete. Assim como o desenho arquitetônico, a confecção de maquetes para o estudo da história da arquitetura tem suas particularidades com respeito a outras finalidades, como o estudo do projeto ou a divulgação imobiliária.
Materiais
- Considerações gerais
-
Prefira sempre materiais com acabamento fosco, textura suave e cores pouco saturadas, pois sujam menos e fotografam melhor.
-
Dependendo do seu objetivo e da atividade proposta, decida se a maquete deve ser totalmente homogênea e monocromática (bom para representar volumes e espaços) ou se deve usar combinações de materiais, texturas e cores (bom para expressar sistemas construtivos).
- Papel Paraná
-
O nosso pau pra toda obra. Disponível em várias espessuras, fácil de cortar e pode ser manipulado, riscado ou descascado para dar acabamentos variados. Pode ser encontrado em qualquer loja de artes.
- Planeje a sua compra: os lotes de papel Paraná são bastante irregulares, mesmo quando vendidos numa mesma loja. Tente estimar a quantidade de papel necessária para uma maquete e compre todo de uma vez, para garantir que as folhas tenham um acabamento parecido. Use sempre a mesma face do Paraná voltada para o lado de cima ou de fora, pois a frente e o verso da folha também são diferentes.
- Não me perguntem se o certo é “Paraná” ou “Panamá”, ou se cada nome se refere a um tipo de papel. Eu compro esse papel há mais de 20 anos e também não sei.
- Papéis brancos
-
Prefira papéis foscos e formados por várias camadas prensadas, como o Supremo, Bristol, ou painéis rígidos para desenho com pena. Evite cartolinas, pois amassam e entortam com facilidade, assim como papéis muito leves (sulfite, layout, etc.).
- Papéis coloridos
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O papel mi-teintes da Canson tem uma grande variedade de cores pastel e terrosas adequadas para representar elementos da construção, além de uma textura suave e totalmente fosca que fotografa bem. Outros papéis coloridos podem ser usados, em particular o papel vergê para texturas lineares, desde que observadas as mesmas condições que os papéis brancos.
- Papelão ondulado
-
Tem um acabamento rústico que pode ser desejável em algumas aplicações. Pode ser descascado para usar a superfície ondulada representando telhas.
- Madeira balsa
-
A madeira balsa é um material leve e elegante para construir maquetes que tenham muitos elementos compridos e finos, como pilares, vigas e esquadrias. Os perfis cortados precisam receber acabamento com papel de lixa. O melhor acabamento para a madeira balsa pode ser dado pintando a maquete toda com tinta spray, mas ela também pode ser usada sem revestir, se manuseada com cuidado.
- Cortiça
-
Bastante usada para construir terrenos com topografia acentuada, pois é fácil de cortar e tende a ficar sempre plana. No entanto, é bastante cara e difícil de colar.
- Argila
-
A argila para maquetes de arquitetura deve ser a mesma usada para estudar escultura: argila comum, que não endurece ao ar livre. Não é Durepoxy, nem biscuit, nem “massa cerâmica”, nem “massa de modelar”. Use instrumentos (estecas, réguas, facas e pontas) para modelar.
- Acetato transparente ou papel vegetal
-
Pense duas vezes antes de recorer a esses materiais para representar vidro ou água: na vida real, o vidro visto de fora para dentro das edificações não tem transparência aparente, portanto outros materiais podem ser tão ou mais realistas. Além disso, é muito difícil colar acetato ou vegetal sem deixar sujeira visível.
- Papel pluma (foam)
-
É difícil fazer cortes precisos nesse material e, assim como o isopor, ele é feito de um material à base de petróleo, não reciclável nem biodegradável. Mesmo assim, pode ser interessante para fazer bases ou outras superfícies espessas e simples, por ser leve e resistente.
- Materiais “realistas”
-
As lojas de artes costumam ter um amplo estoque de materiais para maquetes ferroviárias ou casas de bonecas, com acabamentos que tentam reproduzir madeira, azulejos, pavimentações diversas, tijolos, etc. Essas texturas são dimensionadas para escalas específicas, geralmente 1:24, 1:48 e 1:96.
- Esses materiais realistas não são recomendáveis para as maquetes de estudo em arquitetura, como as que vamos fazer nesta disciplina, pois sua textura prejudica a percepção de volumes nas construções. O mesmo vale para elementos de entorno, tais como pó de grama ou árvores realistas. Se quiser mostrar diferentes materiais ou texturas, prefira o papel mi-teintes.
- Acrílico
-
Pode ser usado para confeccionar bases, especialmente representando água, e caixas ou tampas para maquetes. Não é recomendável para construir a maquete propriamente dita, seja por ser muito caro, seja porque dá um acabamento muito reflexivo e parcialmente translúcido que prejudica a percepção dos volumes.
- Madeira compensada ou serrada
-
É um material resistente e elegante para confeccionar bases de maquetes grandes, mas exige uma oficina de marcenaria e treinamento adequado para ser usada corretamente.
Ferramentas e consumíveis
As ferramentas mais importantes para fazer maquetes são o estilete e a régua metálica. Economize em todo o resto, menos nesses dois!

- Estilete pesado
-
Também vendido com o nome comercial de heavy duty, ele tem corpo em metal revestido com borracha e usa lâminas com 18 milímetros de largura. Pode ser encontrado em lojas de material de construção tanto quanto nas de material para artes. Um estilete de alta qualidade é mais durável e sobretudo mais seguro do que um de baixa qualidade. Prefira os das marcas Olfa ou Vonder, que custam em torno de 100 reais e têm estrutura metálica.
- O risco de um estilete de plástico quebrar na sua mão e causar ferimentos graves é muito alto e não compensa a economia! Se for manuseado e guardado com cuidado, um bom estilete dura a vida toda.
- Quebre a ponta da lâmina com frequência durante o uso: lâminas cegas são difíceis de manusear e produzem um corte irregular, mas também são perigosas pois escorregam com facilidade.

- Régua de corte
-
Régua metálica, geralmente graduada. Uma régua de qualidade tem a face inferior emborrachada para não escorregar, e um perfil com uma borda baixa para medida e traçado, e outra borda elevada para o corte propriamente dito. No entanto, réguas com essas características são difíceis de encontrar em Brasília. Para trabalhar com eficiência e precisão, prefira réguas com no mínimo 50 centímetros de comprimento.
- Pinça
-
Muito útil para manipular elementos pequenos e colá-los sem fazer sujeira. A pinça cirúrgica, com pontas curvas, é melhor, mas uma pinça cosmética comum também serve.
- Base de corte
-
Uma boa base de corte emborrachada vai ajudar você a trabalhar com mais rapidez e precisão, mas não é indispensável. Ela pode ser substituída por uma folha grande e grossa de papel Paraná, que deve ser colada com firmeza sobre a área de trabalho e trocada com frequência.
- A base de corte deve ser sempre guardada na posição horizontal e ao abrigo do sol e do calor.

- Compasso ou boloteiro de corte
-
Útil para cortar peças arredondadas, mas não indispensável. Como o estilete, deve ter estrutura em metal; o boloteiro costuma vir associado a outro instrumento, como régua ou esquadro metálico. O compasso é mais preciso para materiais leves, como papel. Já o boloteiro funciona melhor para materiais pesados, como o papel Paraná.
- Cola branca PVA líquida
-
Quase todos os materiais para maquete podem ser colados com cola branca PVA líquida comum, do tipo escolar. Para colar peças em madeira balsa, ou se quiser um produto de qualidade superior em geral, a cola universal Cascorez é uma boa marca.
- Em quase todos os materiais usados para fazer maquete, a cola branca é suficiente. Não use cola quente, cola para madeira, para tapetes ou tecidos, nem cola-tudo (super bonder) a não ser que esteja lidando com um material muito específico que não possa ser colado com cola branca.
- Não cole os elementos da sua maquete com fita adesiva (transparente, isolante ou crepe). O resultado ficará frágil e deselegante.
- Papel de lixa
-
Útil para dar acabamento em peças de madeira ou papel Paraná, mas não indispensável se você cortar com cuidado. Prefira as folhas #120, 180 ou 200 (quanto maior o número, mais fina a lixa).
- Estecas
-
Instrumentos para cortar, marcar e manipular a argila. Dão uma boa precisão ao trabalho e poupam tempo e esforço, mas podem ser substituídas por estilete, espátulas e furadores diversos.


Figura 16: Estecas. a – em alumínio para cortar a argila, b – em madeira para marcar e alisar a argila
Técnicas
Além das indicações abaixo, a nossa bibliografia oferece referências
mais aprofundadas sobre a execução de maquetes arquitetônicas.Clute, Drafting Room Practice; Knoll e
Hechinger, Maquetas de arquitectura; Schilling,
Architecture and Model Building.

- Planejar, medir e traçar
-
Procure, no mínimo, rascunhar a composição de peças que vai cortar para a sua maquete, de modo a ter uma previsão do consumo de material (fig. 17).
-
Ao desenhar o traçado diretamente no material, use um lápis muito bem apontado e trace linhas muito leves, para não marcar a superfície. Apague qualquer risco indesejado antes de cortar.
-
É possível transferir um desenho impresso a jato de tinta (a maioria das impressoras caseiras) molhando a folha com álcool. No entanto, é difícil conseguir um acabamento preciso e sem manchas: faça um teste antes para saber se o resultado atende às suas necessidades.
- Cortar e colar
-
Corte sempre pela frente (face exposta) da peça, pois o acabamento do corte será melhor desse lado.
-
Passe o estilete com a mão leve e várias vezes até completar a espessura do corte, em vez de tentar cortar a peça de uma vez só: é mais seguro e dá um acabamento melhor.
-
Quebre a ponta da lâmina com frequência durante o uso: lâminas cegas são difíceis de manusear e produzem um corte irregular, mas também são perigosas pois escorregam com facilidade.
-
Dê o acabamento necessário em cada peça (riscos ou descascados) antes de destacá-la por inteiro da folha. É mais fácil e mais preciso.
-
Use um palito de dente para aplicar cola em peças pequenas ou bordas estreitas, e uma pinça para segurar e posicionar essas peças na maquete.


- Construir
-
Ângulos côncavos (reentrantes) devem ser construídos de modo que uma peça cubra a espessura da outra (fig. 18).
-
Nunca dobre folhas para formar ângulos reentrantes na maquete: o acabamento sempre fica meio curvo e sem firmeza. Sempre corte uma superfície para cada plano e junte com cola.
-
Ângulos convexos devem ser construídos de modo a não deixar a espessura das peças visível no exterior (fig. 19). Corte materiais grossos em bisel e faça um vinco leve com o estilete na face externa do ângulo para dar um acabamento preciso e assertivo. Cuidado ao fazer o vinco para não destacar os dois lados da superfície!
-
Em ângulos convexos nos quais uma superfície é muito mais importante ou visível do que a outra, é possível simplesmente cortar duas peças separadas e fazer a peça da superfície principal cobrir a espessura da peça secundária.
-
Nas maquetes que representam cortes ou onde se vê a extremidade de um sistema construtivo, naturalmente é vantajoso usar a espessura exposta das peças como representação desses cortes ou extremidades.
-
Papéis finos devem ser colados sobre outro material mais rígido para dar um bom acabamento — cole primeiro um pedaço um pouco maior que o necessário, e corte na dimensão definitiva depois que a cola estiver totalmente seca.
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Se construir uma maquete volumétrica mais abstrata, onde os edifícios são representados com coberturas planas, essa cobertura não deve nunca ser uma “tampa” no prisma, mas deve ser ligeiramente afundada para formar uma platibanda elegante.

- Decorar
-
É possível riscar ou descascar a superfície de certos materiais para ajudar na compreensão dos sistemas construtivos utilizados. No entanto, pense duas vezes até onde esse tratamento é necessário, especialmente se já estiver usando materiais diferentes na maquete para indicar os diferentes sistemas da edificação.
-
Na maioria dos casos em que quiser representar um sistema construtivo em alvenaria exposta, pode marcar apenas as fiadas horizontais da alvenaria, assim como as vergas, contra-vergas, baldrames e frechais.
-
Em quase todos os casos, as vidraças de janelas e cortinas de vidro não devem ser representadas com materiais transparentes ou translúcidos. Em maquetes onde não há representação do sistema construtivo, o plano da vidraça pode ser feito do mesmo material que o restante da construção. Em maquetes que representem os sistemas construtivos detalhadamente, o vidro pode ser executado com um material translúcido de espessura adequada, se for importante para a compreensão da construção; mas se as janelas tiverem forma e esquadrias convencionais, o vidro também pode ser totalmente omitido.
-
Árvores podem ser executadas com ramos de flores secas ou cabos de cobre desencapados.
-
A água pode ser representada com uma superfícia escura e opaca, ou ainda com uma placa de acrílico sobre essa superfície escura, ou pintando a face inferior do acrílico com tinta preta fosca.

- Maquetes em argila
-
A argila é um material especialmente adequado para maquetes de superfícies, tais como fachadas, e com muitos detalhes de formas orgânicas (fig. 21). Para que seja possível modelar com precisão, é indispensável que a camada de argila esteja firmada sobre uma base sólida (compensado ou Eucatex, por exemplo) (fig. 22).
